sábado, 9 de abril de 2011

Pedro-vaga-lume

As linhas brancas estão em todas as partes. Saem debaixo dos meus pés e seguem até onde os meus olhos alcançam, sendo para trás e para frente num compasso refletido pelo sol de um final de tarde esquentando a estrada. Acontece que me abandonaram no caminho, fui pedindo carona ao desapego e, de tanto demorar, embarquei com o passado. Perdi novamente a vontade de levantar, perdi forças, mas, com o tempo, a gente percebe que são só coisas que a gente perde pelo caminho. Um vaga-lume me acompanhou às seis da tarde. Vaga, Pedro: vaga-lume! Serviu-me de guia para me tramitar, já que o passado é escuro e cheio de curvas. Por quanto tempo dura a luz de um vaga-lume?
Não posso me demorar já que, no passado, corro o risco de ficar à penumbra. Me acomodei numa pedra - a que fez mais diferença no meu caminho - lembranças vinham a mim a todo tempo. Os pensamentos ficaram se debatendo uns aos outros e, a cada batida, era como se uma força quisesse me virar ao avesso, pois assim seria mais fácil de visualizar o que tenho por dentro. Meio sem perceber, eu fui louco ao dizer que eras tudo. Porém, essa loucura não passava de uma verdade entranhada no meu peito. O desapego chegou e vejo que sou digno de ter medo ao deixá-lo me levar. Zarpei! E, se quiser, me encontre no meio do caminho.

(Mts/Dnll)

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