domingo, 24 de abril de 2011

Joguete de Palavras

O vento frio que descuidadamente embaraçava-lhe os cabelos também se fazia refém, parafraseando metáforas que o intimidava. Delicadamente segredos eram soprados à beira do ouvido, e mudados consideravelmente de acordo com o ritmo do vento. Tentei ter a mesma sutileza para entender o que se passa nessa inquietude de sentimentos, e, sofrimentos, mas em troca, como era de se esperar, o que pude vislumbrar foi uma deliciosa rajada de poeira que me cegou por instantes. Confesso que nesse momento um incomodo se prostrou diante de mim e na inquietude dos olhos, imediatamente pude perceber, que não podia mais contemplar o vento que soprava metáforas à beira do ouvido. Revestí-me de uma medida incalculável de raiva e sem cerimônia pus minhas mãos bruscamente sobre os olhos. O que não posso ver é o que me faz viver. O vento traz implícito em si um desejo que sempre foi meu, o de te afagar. Um desejo que emudece as minhas cordas vocais e paralisa as minhas pernas. Certamente eu jogaria as palavras de um lado para outro da boca e não conseguiria dizer absolutamente nada. Em virtude disso também me faltaria as palavras quando, se não o meu, outro afago te acariciasse. Mas já aprendi a vestir a armadura e ter voz ativa nesse jogo de marionetes. 

Um comentário: