quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Gentilmente

(...) O orvalho do amanhecer me abraça, gentilmente.


Chateau


O barzinho da esquina me convida para fazer-lhe companhia. Talvez por eu ser o tipo de pessoa certa que combina com as características do lugar. Características essas típicas de um ambiente cheio de dor, sentimentos e amores mal vividos. O Chateau me toma pela mão e me embala em uma de suas canções mais doloridas. Neste momento a corrente sanguínea passa tão depressa que é como que se os vasos fossem estourar. Porém, o desejo não era só de que os vasos se dissipassem, mas, que o coração quebrasse em vários pedaços, minúsculos pedaços, imperceptíveis, que em um sopro apenas sumisse. Ainda no embalo do vinho, meus olhos se voltaram para a mesa ao lado. Cabelo baixinho, rosto de menino, estatura de homem valente. Olhos tristonhos, com sinais de quem já sofreu muito na vida por uma “Colombina”.
Me aproximei de sua mesa e sem pedir licença convidei-o para um bolero que acabara de tocar. Sem hesitar, levantou-se. Pôs seus olhos em cima dos meus. Posicionou suas mãos corretamente nos devidos lugares. Puxou-me contra si, e, por fim, o bolero começou. Passos ensaiados. Rodopiamos o salão inteiro, conhecemos cada ponto daquele lugar. Fizemos da dança um ritual para excomungar tudo o que nos fazia infelizes. A rudeza do toque de suas mãos fizeram com que o meu coração se reconstituísse, pedaço por pedaço. A música parou, e com ela, o meu embalo perdeu o passo. Soltei-o. Mas, meu coração continuou preso.
A “colombina alegre” agora chora pelo amor de “Pierrot tristonho”.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Ápice



O coração pulsante. O medo. A incerteza.. e o retrocesso.
As mãos tremulas. O Corpo gélido. Ódio oculto.. amor à mostra!
Sentimento traído. Amor mau passado, ou, passado demais. Cotidiano.
Ilusão. Fácil apego. Suspense... e o retrocesso mais uma vez.
Desapego. Desilusão. Ápice da loucura. Excesso disto. Pé em terra flutuante.
Pensamento preso. Desfrute de nada. Almas desencontradas. Olhos preocupados.
Destino injusto. E a cigana que lê traços ilegíveis.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Avante





A minha poesia é tão precisa e tão restrita que vive submersa num universo pequeno, embora quão grande seja o significado da palavra. Traça linhas que percorre o corpo inteiro, fazendo enrolar-se ainda mais. Entre golpes e malabares tenta se desvencilhar, mas sem resultado, tudo isso por uma escolha. Ela pensa: o que me separa da felicidade é uma pedra - e uma perda. Inebriada de dor mergulha ainda mais em sua poesia, que se encontra caracterizada pelo excesso de poeira. Com passos largos e trêmulos caminha. Avante!